AGAPAN – 40 anos defendendo a vida

Criação da AGAPAN em 1971

A vida sempre em primeiro lugar!

Augusto Carneiro e José Lutzenberger, secretário e presidente da primeira diretoria da AGAPAN - 1971

A AGAPAN é considerada a primeira organização não-governamental ambientalista no Brasil. Fundada em 27 de abril de 1971, em Porto Alegre, sua Assembléia Geral de fundação aconteceu no auditório do INSS, na av. Borges de Medeiros. Na ocasião foi eleita sua primeira diretoria encabeçada por José Antônio Lutzenberger que proferiu, na ocasião, sua primeira palestra pública intitulada “Por uma ética ecológica”, publicada no jornal Correio do Povo em 29/8/1971.

A AGAPAN desencadeou campanha contra a poda das árvores em Porto Alegre com êxito (hoje seria necessária outra campanha). Desde então a entidade desenvolveu lutas contra queimadas, desmatamento, depósitos de lixo a céu aberto e pela reciclagem do lixo. Lutou contra a instalação do Pólo Petroquímico, da Usina Termoelétrica Jacui I, a ampliação da Riocell, o Projeto Praia do Guaiba e sua proposta de privatização de áreas públicas de lazer junto ao rio.

Protesto contra a poluição do Polo Petroquímico

A AGAPAN também participou de projetos ambientalistas junto aos governos municipais, estadual e federal auxiliando na criação de leis e códigos ambientais.

Recentemente participou ativamente contra o projeto imobiliário Pontal do Estaleiro, contra a alteração na Legislação Ambiental do Rio Grande do Sul e contra a “flexibilização” do Código Florestal brasileiro.

Flávio Lewgoy e José Lutzenberger

Com informações de Agir Azul

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Arquivo em PDF:

BORREGAARD: Um marco da luta ambiental no Rio Grande do Sul – Lilian Dreyer

Câmara Municipal destaca pioneirismo da Agapan

A Câmara Municipal de Porto Alegre destacou hoje (25/4) os 40 anos de fundação da Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural (Agapan). “A Agapan surgiu não como um movimento de protesto, mas sim de conscientização”, disse o vereador Beto Moesch (PP), que propôs a homenagem. “Em 1971, quando surgiu a entidade, a preocupação com temas como agrotóxicos, queimadas e desmatamento era incipiente. Mas gaúchos pioneiros, como José Lutzenberger, trouxeram a preservação ambiental para o centro das discussões.”

Beto ressaltou que a Agapan foi a primeira entidade ecológica da América Latina e uma das primeiras em âmbito mundial. Desde então, acrescentou ele, a entidade fez um trabalho de muita inteligência, tendo Lutzenberger com precursor. “A Agapan ia nas escolas, nas universidades, apresentava palestras e conquistava espaço valioso na mídia para discussão sobre o ambiente.”

Para o vereador, se Porto Alegre tem hoje uma das legislações ambientais mais avançadas do país, isso se deve em muito ao trababalho da Agapan. “Por causa da entidade, aqui surgiram as primeiras leis municipais, como a legislação sobre a poda de árvores, por exemplo. A própria criação da Smam foi uma resposta política e administrativa ao movimento ambientalista” lembrou Beto.

Ao destacar a presença, na sessão, de Hilda Zimmermann e Augusto Carneiro, “pioneiros na defesa da natureza”, Beto acrescentou que a Agapan representou a consolidação de um movimento político de conduta, de visão e de defesa de uma nova forma de desenvolvimento. “É um orgulho para nós gaúchos ter esta instituição exercendo a cidadania ao longo de 40 anos. A sociedade deve muito à Agapan por sua colaboração em favor da causa ambiental.”

O presidente da entidade, Eduardo Finardi Rodrigues, disse que hoje, quando os desastres climáticos se intensificam em todo o mundo, a luta ambiental se faz cada vez mais necessária. Observou que o lema do ambientalismo – “pensar globalmente, agir localmente”- continua sendo perseguido pela entidade. “Sem a luta dos ambientalistas contra a poda indiscriminada, Porto Alegre não seria hoje uma das cidades mais arborizadas do país. Além do “pensar global e agir local”, a Agapan não esquece de outro lema histórico: a vida sempre em primeiro lugar”, afirmou o dirigente da Agapan.

Marco Aurélio Marocco (reg. prof. 6062)

Fonte: página da Câmara Municipal de Porto Alegre

8 pensamentos sobre “AGAPAN – 40 anos defendendo a vida

  1. Realmente a luta contra a Borregaard foi muito importante.
    Mereceria até postagens específicas.

    Trechos de um texto de Lilian Dreyer (jornalista, biógrafa, autora do livro Sinfonia Inacabada: A vida de José Lutzenberger):

    BORREGAARD: UM MARCO DA LUTA AMBIENTAL NO RIO GRANDE DO SUL
    Quando a fábrica de celulose Borregaard se instalou no Rio Grande do Sul, quase quarenta anos atrás, sem o pressentir, solidificou um dos mais combativos movimentos de resistência ecologista que o Brasil já conheceu e inaugurou um inédito processo de revisão de métodos produtivos. Esse processo viria a contar com a colaboração de ninguém menos que o ecologista-emblema dos gaúchos, José Lutzenberger.
    Lutzenberger estava abandonando uma bem-sucedida carreira internacional, havia decidido demitir-se de uma conhecida empresa do ramo químico, com sede na Alemanha. A preocupação que ele demonstrara ao reunir-se pela primeira vez com os futuros companheiros da Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural, a AGAPAN, em agosto de 1970, com relação à fábrica de celulose que então se instalava às margens do rio Guaíba, próximo a Porto Alegre, mostrou-se plenamente justificada. Ao entrar em operação, a Borregaard, de capital norueguês, em pouco tempo tornou-se uma espécie de “inimigo público número um”.

    “Eles vieram para cá achando que estavam indo para o fim do mundo, e esse foi o seu grande erro”, constataria o professor Flávio Lewgoy, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, químico e geneticista que aderiu à AGAPAN.

    Ironicamente, os despejos malcheirosos da Borregaard vieram a constituir o fermento que fez crescer a massa ambientalista. Seria difícil pensar em alguma campanha prédeliberada que rendesse tamanha exposição na mídia a um movimento emergente.

    No fim de 1973, o secretário da Saúde do Estado foi pessoalmente interditar a fábrica, a partir de então jogada num ciclo de sanções que resultaram na efetivação de controles ambientais e, mais adiante, na nacionalização da empresa, que passou a se chamar Riocell.
    Dez anos depois, 1983, a Riocell viria a convidar ambientalistas e imprensa a conhecerem o “sistema não convencional de branqueamento de celulose” que estava inaugurando. Poucos ecologistas acompanharam essa visita, mas Flávio Lewgoy e José Lutzenberger estavam lá. Mesmo depois que o cheiro desapareceu e o caso deixou de ser notícia, Lutzenberger mantivera a Riocell sob sua mira implacável. Ele continuou a criticar os processos da fábrica, lembrava o perigo do uso de cloro e não permitia que caíssem no esquecimento as toneladas de resíduos que, todavia iam parar no rio. Ele e Lewgoy não perderiam, portanto, a oportunidade de ver a toca do monstro por dentro. Acompanharam a comitiva de cerca de cinqüenta pessoas no giro pela nova planta, ouvindo as explicações dos técnicos e do diretor-superintendente da empresa, que havia investido 250 milhões de dólares na proposta de ser o oposto do que fora a Borregaard. Abrindo e demonstrando os seus processos e a nova estação de tratamento de efluentes, garantiram que a Riocell estava habilitada a produzir celulose branqueada – a parte final do processo produtivo, que antes se realizava no exterior – adotando a mais moderna tecnologia conhecida para evitar danos ambientais.
    Os dois ecologistas mantiveram-se cautelosos nas declarações à imprensa, mas sentiam-se de certo modo gratificados, pois tinham sido líderes de um movimento que produzira uma notável mudança de atitude. A Borregaard não tivera a mínima preocupação com o ambiente e se colocara numa posição desrespeitosa para com a comunidade, enquanto a Riocell demonstrava querer aproximar-se do moderno conceito de produção em ciclos fechados, que interpreta como “desperdício” a liberação de resíduos no ambiente, e reconhecia que devia explicações à população sobre os aspectos pelos quais esta era afetada.
    Lutzenberger aproveitou a oportunidade para deter-se na estação de tratamento de efluentes, cismando sobre que tipo de resíduo químico estaria presente no enorme volume de lodo de celulose que ali se depositava. Se esse lodo fosse analisado, seria possível determinar até que ponto os processos internos da fábrica estavam realmente conseguindo evitar a liberação de poluentes no rio. Ele solicitou, e a empresa lhe franqueou, acesso à estação de tratamento, onde o ecólogo e ecologista nos próximos três anos passaria a coletar amostras para pesquisa, por sua conta e às suas expensas. Teve início assim um trabalho de investigação, naquele tempo inédito, sem paralelo conhecido em atividade industrial do gênero.
    Em uma de suas visitas para coleta de amostras, ainda em 1983, Lutzenberger manifestou sua desaprovação ao modo como estava sendo feito o plantio de árvores na área de aterro do entorno da estação de efluentes. Ofereceu-se para passar à equipe encarregada noções sobre como criar um bosque. Aliás, se desejavam criar um parque no local, por que não faziam logo um trabalho decente de paisagismo e reconstrução ecológica?

    Obs.: o texto completo está no arquivo em PDF com link já colocado no post (entre os dois vídeos do Youtube)

  2. Amigas e Amigos

    Ontem, à tarde, nossa entidade foi homenageada pela Câmara de Vereados, cuja proposição partiu do Vereador Beto Moesch.

    Além do Beto vários vereadores se manisfestaram recordando os episódios históricos portagonizados pela AGAPAN longo destes 40 anos.

    No discurso do atual presidente Eduardo Rodrigues, foram abordados inúmeros temas de luta intensas da entidade. Estes fatos fizeram, fazem e continuarão fazendo parte da história de Porto Alegre, do RS e do Brasil.

    Rogério, uma dica quanto a questão a que te referiste acima.

    Hoje, 26/04, às 20h, irá ao ar pela Rádio Ipanema Comunitária, o programa “Cidadania Ambiental”, do jornalista João Batista Aguiar. Serão entrevistados o ex- presidente Celso Marques e o atual presidente Eduardo Rodrigues. No referido programa o tema Borregaard será amplamente abordado.

    Considero que terás uma oportunidade importante para te informares acerca de mais esta luta histórica da AGAPAN.

    Se moras em Ipanema ou no seu entorno, poderás ouví-lo pelo FM 87.9 ou da pela internete no site:

    http://www.ipanemacomunitaria.com.br

    Um fraterno e e cológico abraço,

    Sandra.

  3. Agradecemos ao Porto Alegre Resiste a emocionante retrospectiva histórica sobre os feitos da AGAPAN ao longo destes 40 anos!

    Um ecológico abraço,

    Sandra.

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