Crianças e telefones celulares

Devra Davis – “Tirem o celular da mão das crianças”

Matéria da Revista Época – Ciência e Tecnologia – 20/8/2010

A epidemiologista americana diz que ninguém sabe o efeito do celular no cérebro infantil

Peter Moon

Devra Davis

QUEM É

Devra Davis, de 64 anos, é doutora em sociologia e saúde pública

O QUE FEZ

Lecionou epidemiologia na Universidade de Pittsburgh. Foi assessora de epidemiologia no governo Clinton. Tem mais de 190 trabalhos científicos publicados

O QUE FAZ

Fundou e dirige a Environmental Health Trust, uma ONG dedicada à produção e ao uso de celulares seguros

A Organização Mundial da Saúde (OMS) publicou, em maio, o maior estudo sobre os efeitos da radiação dos celulares no organismo. Foram pesquisadas 10.751 pessoas de 30 a 59 anos em 13 países. Concluiu-se que o uso de celulares por até dez anos não aumenta o risco de tumor cerebral. “Há muitas formas de cozinhar os dados de uma pesquisa e invalidá-los”, diz a americana Devra Davis. No livro Disconnect, a ser lançado nesta semana nos Estados Unidos, Davis destaca pesquisas que afirmam provar o risco dos celulares. A agência americana de telecomunicações (FCC) estabelece um limite máximo de absorção dessa radiação. Davis diz que o limite é furado. Nas crianças de 10 anos, a absorção é 60% maior que nos adultos, de acordo com uma pesquisa do brasileiro Álvaro Salles citada por Davis.

ÉPOCA – A senhora usa celular?

Devra Davis – É claro!

ÉPOCA – Mas a senhora afirma que o celular pode fazer mal à saúde?

Davis – É por isso que eu uso fones de ouvido com ou sem fio. Nunca colo o celular ao ouvido. Sempre o mantenho a alguns centímetros de distância de minha cabeça. Nunca o carrego no bolso. Quando não estou falando ao celular, ele fica na bolsa ou sobre a mesa.

ÉPOCA – Mas os fones de ouvido não são práticos para falar na rua.

Davis – Também não é prático expor o cérebro desnecessariamente às micro-ondas emitidas pelos celulares. Essa medida, aliás, é uma exigência do FCC, a agência americana de telecomunicações, e recomendada por todos os fabricantes de celulares. Mas, convenientemente, a recomendação não vem escrita no manual do produto. É preciso baixar o guia de informações de segurança do site de cada fabricante para saber que eles próprios recomendam que ninguém cole o celular ao ouvido. No Guia de informações importantes do produto do iPhone 4, da Apple, lê-se que “ao usar o iPhone perto de seu corpo para chamadas ou transmissão de dados (…), mantenha-o ao menos 15 milímetros afastado do corpo, e somente use porta-celulares e prendedores de cinto que não tenham partes de metal e mantenham ao menos 15 milímetros de separação entre o iPhone e o corpo”.

ÉPOCA – Essa restrição é só para o iPhone?

Davis – Não. No caso do Nokia E71, a restrição é de 22 milímetros. No BlackBerry é maior: 25 milímetros.

ÉPOCA – Por quê?

Davis – Celulares são aparelhos que emitem e captam ondas de rádio. Há muitas formas de ondas. As de maior potência são os raios X. Eles podem danificar o DNA das células de qualquer ser vivo, com efeitos sabidamente cancerígenos. A potência da radiação das micro-ondas de um celular é muito menor que a radiação de uma máquina de raio X. O problema dos celulares reside em sua exposição prolongada ao corpo humano, especialmente sobre os neurônios cerebrais. Quantos minutos ao dia falamos ao celular, 365 dias por ano, por anos a fio? O poder cumulativo dessa radiação pode alterar uma célula e torná-la cancerígena.

ÉPOCA – Mas as pesquisas nunca provaram que usar celular pode provocar câncer.

Davis – Quem foi que disse isso a você, a indústria de telecomunicações? Em meu livro, faço um levantamento de dezenas de estudos científicos feitos com rigor em todo o mundo, que provam sem sombra de dúvida o perigo do uso de celulares. Um dos autores, aliás, é brasileiro: o professor Álvaro Augusto Almeida de Salles, da Faculdade de Engenharia Elétrica da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Fui a Porto Alegre conhecê-lo. Salles é um dos maiores especialistas mundiais no tema.

Eu uso fones de ouvido. nunca colo o celular ao ouvido. sempre o mantenho longe da cabeça. e nunca o carrego no bolso, só dentro da bolsa

ÉPOCA – Qual foi a conclusão de Salles?

Davis – O FCC estabelece um limite máximo de absorção pelo corpo humano de radiação de celulares. Todos os fabricantes devem fazer aparelhos para operar dentro do limite de 1,6 watt por quilo de tecido humano. Salles provou que o limite do FCC só é seguro para os adultos. Ao simular a absorção de radiação celular por crianças de até 10 anos, descobriu valores de absorção 60% mais elevados que nos adultos. O recado é claro. Não deixe o celular ao alcance das crianças. Não deixe seus filhos menores de 10 anos usar celular.

ÉPOCA – Como o FCC chegou a esse limite máximo de absorção?

Davis – O limite foi estabelecido no início dos anos 1990, quando os celulares começavam a se popularizar. Foi estabelecido tomando por base uma pessoa de 1,70 metro de altura e uma cabeça com peso aproximado de 4 quilos. Vinte anos depois, o limite é irrelevante. Mais de 4,6 bilhões de pessoas no mundo usam celular. Boa parte são crianças, adolescentes e mulheres. E todos estão expostos a níveis de radiação superiores ao permitido. Quais serão as consequências em termos de saúde pública da exposição lenta, gradual e maciça de tantas pessoas à radiação celular, digamos, daqui dez ou 15 anos? O tumor cerebral se tornará epidêmico?

ÉPOCA – Por que o FCC e a OMS então não alteram aquele limite?

Davis – Tenho documentos para provar que existe um esforço sistemático e concentrado da indústria de telecomunicações para desacreditar ou suprimir pesquisas cujos resultados não lhe favorecem, como a do professor Salles provando o risco dos celulares para as crianças. Quando um estudo assim é publicado, a indústria patrocina outros estudos para desmenti-lo. Não há dúvida de que a maioria dos estudos publicados sobre a radiação de radiofrequência e o cérebro não mostra nenhum impacto. A maioria das evidências mostra que a radiação dos celulares tem pequeno impacto biológico. Mas há diversas formas de cozinhar os dados de uma pesquisa para invalidá-los ou evitar que se chegue ao resultado desejado.

ÉPOCA – Se a senhora estiver correta, o que deverá ser feito para mudar isso?

Davis – A indústria de telecomunicações é uma das poucas que continuam crescendo no momento atual. Ela paga muitos impostos e gasta muito em publicidade. Usa as mesmas táticas dos fabricantes de cigarros e bebidas. A indústria de telecomunicações é grande, poderosa e rentável. Contra isso, a única arma possível é a informação. É o que estou fazendo com meu livro. Abandonei uma carreira acadêmica consagrada de 30 anos porque é hora de impedir que, no futuro, o mau uso do celular cause um mal maior. Os especialistas que me ajudaram na coleta de dados, muitos secretos, nunca revelados, o fizeram porque são pais e avós que querem o melhor para seus filhos e netos.

ÉPOCA – Há vários vídeos no YouTube que mostram como fazer pipoca com celulares. Põe-se um milho na mesa cercado por quatro celulares. Quando os aparelhos tocam, salta uma pipoca. É possível?

Davis – Não. Os vídeos são falsos. A potência de um forno de micro-ondas é milhares de vezes superior à de um celular. Os vídeos foram criados para brincar com um assunto muito sério.

ÉPOCA – As pessoas amam os celulares. Como convencê-las a usar fones de ouvido?

Davis – Com informação e educação.

Site da Environmental Health Trust

Leia também: Seminário “Os Riscos da Radiação Eletromagnética para a Saúde Humana

Seminário “Os Riscos da Radiação Eletromagnética para a saúde humana”

Abertura do Seminário – Foto: Cesar Cardia/Amigos da Rua Gonçalo de Carvalho

Palestrantes de seminário alertam para os riscos que uso do telefone celular traz à saúde

Cristiane Vianna Amaral – MTB 8685 | Agência de Notícias ALRS – 12:48-12/11/2012

Médica associou o uso de celulares a diversas doenças

Os riscos da radiação utilizada para o funcionamento dos telefones celulares à saúde humana foi o tema do painel que abriu o Seminário Estadual sobre o assunto que ocorre ao longo dessa segunda-feira (12), na Assembleia Legislativa. A primeira palestrante foi a médica Geila Vieira, uma das colaboradoras da chamada “Lei das Antenas” de Porto Alegre, que restringe a instalação de estações de rádio base na capital. Comparada à legislação da Suíça, ela restringe a colocação de antenas junto à escolas e hospitais.

Dra. Geila Vieira – Foto: Galileu Oldemburg/ALRS

Geila lembra que, antigamente, a radiação não ionizante, utilizada pela telefonia móvel, era restrita a locais fechados. Ela chamou atenção ainda, para o fato dessa exposição ser considerada de insalubridade grau médio para efeitos trabalhistas. A médica associou o uso de celulares a diversas doenças, desde cefaleia e exaustão, até leucemia.

A médica cobrou da Assembleia uma legislação mais efetiva em relação ao tema dos celulares, considerando que o assunto é um caso de saúde pública e ambiental.

Casos de câncer aumentam para quem vive perto de antenas

A engenheira Adilza Dode realizou um estudo em Belo Horizonte, Minas Gerais, na qual constatou que pessoas moradoras ou que trabalham próximo a antenas de telefonia têm mais chance de desenvolverem câncer. “E quanto mais perto pior.” O problema só diminui a partir de 500 metros. “E no caso de sobreposição, o risco é ainda maior”, explica, no caso da pessoa estar exposta a mais de uma antena. Sua pesquisa comprova que nos locais onde há mais estações de rádio base, é maior o número de pessoas que morreram de câncer.

Dra. Geila Vieira, deputada Marisa Formolo e Dra. Adilza Dode – Foto: Cesar Cardia/Amigos da Rua Gonçalo de Carvalho

Ela criticou a legislação brasileira por defender o mercado da telefonia e não a saúde das pessoas. Adilza chamou a atenção para o fato da Suprema Corte italiana ter dado ganho de causa a um trabalhador que alegou ter desenvolvido um tumor em função do uso do celular por cerca de 5 a 6 horas por dia, durante 12 anos. “Foi o primeiro caso no mundo”, destacou.

A engenheira listou medidas para evitar os riscos causados pelo uso de celulares:

– Usar só em casos extremos;

– Dar preferência ao uso de mensagens de texto;

– Coibir o uso para crianças e adolescentes (como o cérebro está em desenvolvimento, a penetração da radiação é maior);

– Manter o aparelho afastado do corpo;

– Atender o telefone longe de grupos e pessoas;

– Não utilizar em hospitais (onde as pessoas já estão com a saúde debilitada);

– Não usar perto de doentes;

– Grávidas devem evitar o uso, principalmente próximo à barriga;

– Não usar em veículos fechados (ônibus, trem, etc);

– Desligar à noite e não deixar perto da cama;

– Manter o aparelho afastado de próteses metálicas

Abertura

A abertura do evento foi realizada pela presidente da Comissão de Saúde e Meio Ambiente, deputada Marisa Formolo. A parlamentar salientou o apoio da Comissão, mas frisou que esse debate “deve ter continuidade pela luta social”. As telefônicas querem alterar a legislação na capital gaúcha para que possam colocar mais antenas para a instalação da tecnologia 4G durante a Copa do Mundo de 2014.

Também participaram da abertura a promotora de Justiça Ana Maria Marchezan, os representantes da Agapan, Francisco Milanez, da OAB/RS, Alexandre Burmann, e da UFRGS, professora Anelise Dalmolin.

Painel debate legislação sobre o tema da radiação eletromagnética

Vanessa Canciam – MTB 2060 | Agência de Notícias ALRS – 17:17-12/11/2012

Com a realização do painel “A legislação, o princípio da precaução e o nosso direito à informação”, foi retomada a programação do seminário estadual para discutir os riscos da radiação eletromagnética para a saúde humana, na tarde dessa segunda-feira (12), na sala João Neves da Fontoura (Plenarinho). Participaram do debate a promotora de justiça do Ministério Público Estadual (MPE), Ana Maria Marchesan, e o presidente da Comissão de Saúde da Câmara Municipal de Porto Alegre, vereador Beto Moesch, sob a mediação do representante da OAB/RS, Alexandre Burmann.

Painel com a promotora Ana Maria Marchesan e vereador Beto Moesch – Foto: Cesar Cardia/Amigos da Rua Gonçalo de Carvalho

Debates

Primeira a falar, a promotora de justiça destacou que a radiação não-ionizante utilizada no funcionamento dos telefones celulares pode ser considerada um tipo de poluição ambiental, conforme o artigo 3º da lei federal nº 6938/1981. Acrescentou ainda que, em certos casos, a grande quantidade de antenas ou de torres de telefonia instaladas nas cidades provoca o chamado “efeito paliteiro”, que afeta negativamente a paisagem urbana e desrespeita leis como o Estatuto das Cidades. Ela lembrou ainda que, no campo do direito ambiental, incide o princípio da precaução, segundo o qual, se houver dúvida científica quanto aos males que podem ser produzidos por determinado agente, a atitude a ser tomada é a de evitar a situação potencialmente poluidora.

Promotora Marchesan lembrou que, no campo do direito ambiental, incide o princípio da precaução, segundo o qual, se houver dúvida científica quanto aos males que podem ser produzidos por determinado agente, a atitude a ser tomada é a de evitar a situação potencialmente poluidora.  Alexandre Burmann, da OAB/RS, foi o mediador do painel. Foto: Cesar Cardia/Amigos da Rua Gonçalo de Carvalho

Ana Maria informou ainda que cabe ao Ministério Público, como titular dos direitos individuais e coletivos da sociedade, atuar em diversas questões que reúnem meio ambiente e saúde. De acordo com a promotora, o MPE tem cobrado dos órgãos públicos a realização das medições constantes no nível de radiação emitida pelas antenas. O órgão também está atento, segundo ela, com a poluição sonora causada pelos motores usados nas antenas e com a segurança nas estruturas das edificações que recebem esse tipo de aparelho. Para Ana Maria, embora não conste na Resolução 237 do Conama, as estações de rádio base deveriam ser consideradas atividades potencialmente poluidoras sujeitas à licenciamento ambiental.

O presidente da Comissão de Saúde da Câmara Municipal de Porto Alegre, vereador Beto Moesch, fez um relato sobre a luta que foi empreendida pela sociedade civil em prol da aprovação da lei municipal nº 8.896, de 2002, que trata da instalação de estações de rádio base e de telefonia na capital. Segundo o vereador, a norma municipal estimula a colocação de antenas de celular em Porto Alegre, desde que respeitados certos limites impostos pela legislação, como o de que não podem coexistir duas torres a menos de 500 metros de distância entre si e a menos de 50 metros de hospitais e creches. “Não houve a intenção de inviabilizar a atividade, mas de disciplinar e regrar a instalação de antenas”, disse.

Vereador Beto Moesch destacou a qualidade e o pioneirismo da legislação de Porto Alegre. Foto: Cesar Cardia/Amigos da Rua Gonçalo de Carvalho

Moesch alertou para o fato de que, com a proximidade da Copa de 2014, as operadoras de telefone celular e de internet móvel estão pressionando o município a rever essa legislação. As empresas argumentam que, segundo o vereador, a nova tecnologia 4G exige a aprovação de uma nova disciplina legal. Na opinião de Moesch, a lei não traz nenhum empecilho para o funcionamento e para a instalação de antenas no novo sistema. Segundo ele, o processo para a liberação da instalação das antenas poderia ser simplificado. Para o vereador, o pedido de licenciamento não deveria passar pelo Conselho Municipal de Meio Ambiente e não deveriam ser exigidos o Estudo de Viabilidade Urbanística e as três licenças ambientais (prévia, de instalação e de operação).

O plenarinho da Assembleia Legislativa esta lotado, foi necessário disponibilizar outra sala para mais pessoas acompanharem o seminário por telão. Foto: Cesar Cardia/Amigos da Rua Gonçalo de Carvalho

Professores destacam perigos oferecidos pelo uso do celular e defendem nova legislação sobre tema

Renato Annes – MTB 4146 | Agência de Notícias ALRS – 18:47-12/11/2012

“As tecnologias podem ser menos agressivas para a nossa saúde” foi o tema abordado no último painel do seminário realizado no Plenarinho da Assembleia, nessa segunda-feira (12), para debater sobre os riscos do uso de telefones celulares à saúde dos usuários, em razão da radiação não ionizante.

Prof. Salles: “corremos o risco de um verdadeiro tsunami de tumores cerebrais” – Foto: Cesar Cardia/Amigos da Rua Gonçalo de Carvalho

O professor Álvaro Salles, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS, alertou que o perigo maior oferecido é para as pessoas que usam os aparelhos encostados ao corpo, em especial à cabeça; pelo tempo em que se usa um aparelho e pela distância entre as operadoras ou antenas e a população. Destacou que, conforme estudos realizados, para cada um milímetro que se afasta o aparelho da cabeça, por exemplo, decresce o perigo da radiação no cerébro de um usuário.

Salles: “os governos precisam esclarecer a população sobre os riscos da radiação” – Foto: Cesar Cardia/Amigos da Rua Gonçalo de Carvalho

Salles observou que estudos realizados pela Organização Mundial da Saúde relacionaram o aumento de câncer na carótida ao uso excessivo de celulares. Destacou como forma de diminuir riscos que as pessoas devem usar aparelhos celulares apenas quando não tiverem um telefone de linha fixa próximo; evitarem a utilização de equipamentos tipo wire-less, além de defender a necessidade de as operadoras escolherem frequências com menores riscos à saúde humana e de obedecerem normas e limites de segurança.

Prof. Cláudio Fernandes: “infelizmente a população desconhece os perigos” – Foto: Cesar Cardia/Amigos da Rua Gonçalo de Carvalho

O professor Cláudio Fernandez, do Instituto Federal do Rio Grande do Sul, também destacou os perigos oferecidos à saúde dos usuários, defendendo uma nova legislação sobre o assunto e a utilização de frequência menos agressivas pelas operadoras.

Carta de Porto Alegre

Deputada Marisa Formolo (CSMA/AL-RS), Ana Valls (AGAPAN) e Sandra Ribeiro (AGAPAN) – Foto: Cesar Cardia/Amigos da Rua Gonçalo de Carvalho

Ao final do evento, a conselheira da Agapan, Ana Valls, destacou os principais tópicos colhidos durante o seminário e que deverão ser publicados na “Carta de Porto Alegre”, a ser encaminhada aos governos municipal, estadual e federal, contendo, entre outras sugestões:

que a proposição de legislação no Brasil determine aos fabricantes de aparelhos e às operadoras a adoção de alternativas tecnológicas adequadas, mediante, por exemplo, a utilização preferencial de meios que se utilizam de fibras óticas e cabos coaxiais;

que as autoridades responsáveis pela saúde pública tomem providências, no sentido de reduzirem a exposição da população a este tipo de radiação;

que seja proibida a localização de antenas das operadoras próximo a áreas residenciais, hospitais e creches, ou direcionadas aos mesmos;

que os governos promovam ampla campanha para esclarecimentos à população a respeito do assunto, e

que o governo proteja os pesquisadores que buscam, baseados em comprovações científicas, evidências dos malefícios causados à saúde pela radiação não ionizada, impedindo o assédio moral a estes profissionais e estudiosos.

Foi sugerido, ainda, a criação de um grupo permanente de discussão sobre o tema, através da coordenação da Agapan, e a possibilidade de realização de um novo seminário em 2013.

Foi sugerido a criação de um grupo permanente de discussão sobre o tema, com a coordenação da AGAPAN – Foto: Cesar Cardia/Amigos da Rua Gonçalo de Carvalho

Encerramento

O encontro foi encerrado pela deputada Marisa Formolo (PT), presidente da Comissão de Saúde e Meio Ambiente da Assembleia, que realizou o seminário. A atividade também teve apoio das seguintes entidades: Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural (Agapan), Comissão de Saúde e Meio Ambiente da Câmara de Vereadores de Porto Alegre, Ministério Público Estadual, Ordem dos Advogados do Brasil, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Assembleia Permanente de Entidades em Defesa do Meio Ambiente e da Frente Parlamentar em Defesa dos Consumidores de Energia Elétrica e Telefonia.

Seminário em Porto Alegre vai debater os “Riscos da Telefonia Celular”

AGAPAN (Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural), CSMA/AL (Comissão de Saúde e Meio Ambiente da Assembleia Legislativa do RS), COSMAM/CMPA (Comissão de Saúde e Meio Ambiente da Câmara Municipal de Porto Alegre), CDA-OAB/RS (Comissão de Direito Ambiental da Ordem dos Advogados do Brasil/RS) e UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul) promovem o Seminário:

Os Riscos da Radiação Eletromagnética Não Ionizante da Telefonia Celular

DATA: 12 de Novembro de 2012.

HORÁRIO: Das 9h e 30min às 17h.

LOCAL: Plenarinho da Assembléia Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul.

(Praça Marechal Deodoro, 101 – 3º andar – Porto Alegre)

INSCRIÇÕES: csma@al.rs.gov.br

Objetivos

A Organização Mundial de Saúde (OMS), desde 1996, mantém grupo de estudos e avaliação sobre os possíveis riscos da radiação eletromagnética utilizada nas tecnologias de comunicação sem fio, como a telefonia celular.

Recentemente a OMS admitiu que existem evidências, que este tipo de radiação pode causar alguns tipos de câncer, classificando-a como 2B (possivelmente carcinogênica).

Este Seminário visa discutir e alertar sobre os riscos da radiação eletromagnética não ionizante da telefonia celular, especialmente para as crianças, adolescentes, gestantes e idosos, bem como problematizar a atual legislação e a fiscalização sobre esse tipo de poluição.

Programação

9h, 30min Abertura

10h Painel: “Os riscos da radiação eletromagnética não ionizante para a saúde humana

Painelistas: Representante do Ministério da Saúde (a confirmar)

Dra. Geila Radunz Vieira

Dra. Adilza Dode (UFMG)

Mediação: CSMA-AL

11h Debate

12h Intervalo para o almoço

14h Painel: “A legislação, o princípio da precaução e o nosso direito à informação

Painelistas: Dra. Ana Maria Marchezan (MPE/RS)

Ver. Beto Moesch (COSMAM/POA)

Dra. Flávia do Canto Pereira (PROCON/POA)

Mediação: OAB-Comissão de Meio Ambiente

15h Debate

16h Painel: “As tecnologias podem ser menos agressivas para a nossa saúde!

Painelistas: Prof. Álvaro Salles (UFRGS)

Prof. Claudio R. Fernández (IFRS)

Mediação: AGAPAN

16h, 20min Debate

16h, 30min Propostas e encaminhamentos

Mediação: Comissão Organizadora

17h Encerramento

As inscrições são gratuitas!

O Seminário é uma realização de: AGAPAN – CSMA/AL – COSMAM/CMPA – MPE/RS – CDA-OAB/RS – UFRGS

Com apoio de: APEDEMA (Assembléia Permanente de Entidades em Defesa do Meio Ambiente do Rio Grande do Sul) – Frente Parlamentar em Defesa dos Consumidores de Energia Elétrica e Telefonia/AL – IFRS

O consumismo transformou o celular de hoje no cigarro de antigamente?

Muito oportuno esse Seminário, pois atualmente as operadoras de telefonia pressionam para a “flexibilização” da legislação de Porto Alegre sobre instalação de ERBs, legislação considerada por elas “muito restritiva”. Enquanto isso, justiça italiana reconhece que celulares são agentes cancerígenos:

Mobile phones can cause brain tumours, court rules.

http://www.telegraph.co.uk/health/9619514/Mobile-phones-can-cause-brain-tumours-court-rules..html