Em 1960 um dos candidatos a presidente dos Estados Unidos era Richard Nixon, mas mesmo sabendo da sua fama de mentiroso os publicitários que faziam a campanha de John Kennedy evitavam a todo custo chamá-lo assim. Imaginavam que grande parte do eleitorado poderia sentir pena de Nixon e o objetivo, provar que Nixon era de fato mentiroso, não seria atingido.
O que fizeram? Em uma foto do então candidato colocaram a frase que iria acompanhar Nixon até o fim de sua vida.
Você compraria um carro usado deste homem?
Kennedy venceu Nixon nas eleições, mas anos depois Nixon foi vitorioso, derrotando o democrata Hubert Humphrey e tornou-se presidente. Foi reeleito em 1972 com esmagadora maioria sobre seu oponente George McGovern, até ser obrigado a renunciar ao cargo (o famoso caso Watergate) por… MENTIR!
Representantes de Entidades observam a sessão da Câmara de Vereadores em 9 de fevereiro.
Aqui em Porto Alegre, muita gente deve estar se lembrando disso ao observar nosso cenário político.
Ontem, dia 9 de fevereiro, foi apreciado na Câmara de Vereadores o veto do prefeito Fogaça ao polêmico projeto “Pontal do Estaleiro“.
05/12/2008 - Prefeito José Fogaça durante coletiva de anúncio do referendo popular sobre a área do Estaleiro Só. Foto: Ivo Gonçalves/PMPA
Falava-se que os vereadores que formam a base de apoio do governo, poderiam derrubar o veto do prefeito Fogaça. O prefeito havia vetado o projeto pressionado pela opinião pública e por perceber que havia “vício de origem”, esse tipo de projeto tem que necessáriamente ter origem no executivo, não no legislativo. Vetou e enviou outro projeto, muito similar ao vetado, com a inclusão de um artigo prevendo um referendo para que a população seja consultada, após sua aprovação. A imprensa havia noticiado que a idéia do referendo tinha sido dos próprios vereadores de sua base de apoio, caso o prefeito decidisse vetar o projeto do legislativo. É difícil de entender, mas políticos são contraditórios mesmo…
Então, os vereadores aprovam um projeto que deveria vir do executivo mas não veio, sugerem ao prefeito que proponha um referendo se vetar o tal projeto e enviar outro à Câmara – isso foi feito pelo prefeito – e depois querem derrubar o veto do prefeito que apoiam? Parece conversa de malucos, mas era o que se falava pela imprensa.
Na sessão dessa segunda-feira foi apreciado o veto do prefeito e ele foi mantido por ampla maioria. Mas então resolveram que o novo projeto para a área da Ponta do Melo teria que, igualmente ao projeto vetado, ser votado em regime de urgência. Sem Audiência Pública, sem passar pelas comissões internas da Câmara, onde seria discutido com direito ao contraditório, nem mesmo na Comissão de Constituição e Justiça! Já dizem, tanto o executivo como sua base de governo, que não será possível o referendo, por seus custos elevados. Quem sabe – dizem eles – outro tipo de consulta como o Orçamento Participativo, que atualmente pouquíssima gente participa. E quem lembra da Audiência Pública para a Revisão do Plano Diretor em maio de 2007 (e que ainda tramita na Câmara de vereadores), sabe bem o que se pode esperar.
Valter Nagelstein, líder do governo na Câmara e presidente da Comissão de Constituição e Justiça. Foto: Bruno Todeschini/CMPA
Numa reunião dos líderes, antes de votarem a “urgência” do projeto, o líder do governo Valter Nagelstein (PMDB) teria dito que concordava que o projeto antes passasse pela Comissão de Constituição e Justiça, que o próprio Valter preside. Mas na hora de votar, ele e as bancadas do governo acharam melhor não honrar a palavra empenhada. Incrível, o próprio presidente da Comissão de Constituição e Justiça desmerece sua Comissão!
O projeto poderá ser votado já na próxima quarta, pois foi aprovada a desejada “urgência” de alguns vereadores e, óbviamente, dos empreendedores. Certamente não aprovarão o referendo, vão querer uma consulta alternativa e quanto menos gente participar, melhor para eles… pior para a cidade e para o meio ambiente.
Vocês comprariam um carro usado desse tipo de políticos?
Porto Alegre RESISTE! 
Companheiros de Resistência:
Assistimos mais um triste episódio em que o interesse público foi atropelado pelo lobby da especulação. Não esmoreçamos, porém. Há muitos aspectos a serem investigados (exs.: a fraude do “referendo”, o domínio da área do Pontal que, tudo indica, é patrimonio do Estado, cf. art.7°,VI, da Constituição Estadual etc. etc.). Continuemos, pois, com a mobilização: não está morto quem peleia.
Abraços,
Caio Lustosa.
Sim, Caio.
Muita água ainda vai passar por baixo dessa ponte.
Eles, na realidade, não querem o referendo que dizem ter sido proposto por eles mesmo, por motivos óbvios: não querem dar espaço para o contraditório na campanha pública!
Por isso sugerem uma consulta pública, certamente aos moldes da Audiência Pública de maio de 2007.
Na ocasião, o SINDUSCON “convenceu” trabalhadores da construção civil a comparecerem na Audiência com familiares e até crianças de colo para votarem suas propostas.
Essa vergonha está no vídeo mais acima.
Certamente pretendem fazer o mesmo com relação ao Pontal.
Senhores: quanto ao exame da CCJ, requerido em plenário pela bancado do PT, informo, o mesmo que informei na tribuna da Câmara naquele dia ( mas parece que vocês só ouvem o que lhes interessa) que já havia decisão anterior sobre o mesmo tema, objeto inclusive de um parecer da procuradoria da própria Câmara, pelo que a convocação da CCJ seria mera manobra protelatória de resultado inócuo. Essa forma de exercer a cidadania usando meias verdades certamete deve desonrar a quem faz da honestidade seu mandamento de vida. Eu é que não compraria um carro de gente que mente, como vocês fazem!
No comentário acima não consta o sobrenome por não ter sido colocado pelo autor, obviamente por esquecimento.
Mas pelo endereço de e-mail colocado no formulário, consta como sendo do Sr. Valter Nagelstein, presidente da CCJ da Câmara Municipal de Porto Alegre.
ESSA É A BANCADA DO CONCRETO 2009 /20012 ! ! !
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,…………………………..e a população ? ? ?
eduino de mattos-conselheiro do CMDUA.
Nossa câmara de vereadores age conforme sua composição política e social. E também conforme o ideário do capitalismo predatório e desumano, que hoje se chama de neoliberalismo, mas que nada tem de liberal, uma vez que reverencia de joelhos a ditadura do dinheiro, mesmo que seja virtual.
O comentário do Eduíno, acima, está perfeito.
Temos problemas sociais sérios a resolver, inclusive o desemprego provocado pelo modelo econômico que adotamos para satisfazer o grande capital, e preferimos servir aos interesses dos grandes empresários.
Engano associar espigões e condomínios fechados a necessidades habitacionais e geração de empregos. Não há carência de moradias para a classe média alta – não conheço o caso de um único milionário que more na rua e durma em canteiros de praça.
No entanto, carecemos de, pelo menos, 100 mil unidades habitacionais populares para a erradicação das favelas e das subabitações, saneamento e urbanização racional e harmonizada ao meio ambiente, que criariam milhares de empregos por muito tempo, e devolveriam a cidade a seu povo, ao invés de reservá-la ao atendimento exclusivo das classes abonadas, dos bancos e dos empresários da construção civil, muitos deles garantidos por créditos tão duvidosos como os da bolha imobiliária norteamericana.